sábado, 29 de março de 2014

Grã-Bretanha planeja primeira fertilização com DNA de três pessoas

Técnica pode ajudar a combater doenças incuráveis 

Fertilização in vitro

       O governo britânico publicou nesta quinta-feira uma proposta detalhando normas de uma nova técnica que combina o DNA de três pessoas (um homem e duas mulheres) para criar um embrião. O método, que também está sendo debatido nesta semana nos Estados Unidos, tem como objectivo combater doenças hereditárias incuráveis.
       A técnica foi inventada pelo investigador Shukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos Estados Unidos. O método ainda não foi testado em humanos, mas em macacos: desde 2009, nasceram cinco filhotes geneticamente modificados e saudáveis.  
       A tecnologia consiste em substituir a mitocôndria – organelo responsável por produzir energia dentro das células – do óvulo da mãe pela de outra mulher. Depois de ter sido fecundado pelo esperma do pai no laboratório, o óvulo é implantado na mãe, e a gravidez pode, então, desenvolver-se normalmente. 
       As doenças mitocondriais afecta uma em cada 6 500 crianças do mundo, a maioria antes dos 10 anos. Essas patologias podem afectar o sistema nervoso central, causar cegueira, distrofia muscular, insuficiência hepática ou problemas cardíacos. As doenças da mitocôndria impedem que os nutrientes dos alimentos sejam transformados em energia e, com frequência, resultam de defeitos genéticos causados por mutações no DNA mitocondrial herdado da mãe. Ao substituir a mitocôndria, a nova técnica livra o embrião dessa herança genética. 
       A nova técnica foi aprovada por uma comissão de ética médica da Grã-Bretanha, que sugeriu que os testes sejam levados adiante. O país está na vanguarda dessa pesquisa, e o debate ético, os avanços científicos e as decisões políticas estão sendo atentamente observados.

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