sábado, 31 de maio de 2014

Notícia: Não há dois narizes iguais (e por isso o mesmo cheiro é diferente para cada pessoa)



Uma equipa testou a variabilidade olfactiva humana e descobriu que, entre duas pessoas, há pelo menos uma diferença média de 30% nos receptores olfactivos.

O olfacto parece um sentido etéreo (divino) , mas a sua fisiologia reduz-se à química e física que foram sendo apuradas por milhões e milhões de anos de evolução. No ar há pequenas moléculas suspensas que entram nas nossas vias aéreas quando respiramos. Algumas dessas moléculas ficam presas junto do tecido olfactivo e ligam-se a proteínas que estão nas membranas de células neuronais. Quando essa ligação acontece, há um sinal eléctrico que chega ao cérebro causando uma sensação. Só que a constelação destas proteínas que estão nas membranas destas células do órgão olfactivo variam de pessoa para pessoa, produzindo uma diferença média de 30%. Esta diferença pode mudar completamente a forma como duas pessoas sentem o cheiro da mesma rosa, engraçado não é?
O cheiro de uma rosa difere consoante a pessoa que a cheira mostra um artigo publicado recentemente na revista Nature Neuroscience.
No genoma humano existem 400 genes que são a receita matriz para a construção das 400 proteínas que estão nas células do tecido olfactivo e que se ligam às dezenas de milhares de moléculas que nós cheiramos. Mas na população existem muitas variações para cada gene. Há cerca de 900 mil variações destes 400 genes. Essas variações resultam em proteínas ligeiramente diferentes, que podem fazer que uma pessoa só sinta o cheiro de uma molécula quando ela está mais concentrada no ar do que outra pessoa.

A equipa de Hiroaki Matsunami, do Centro Médico da Universidade Duke, em Durham, Carolina do Norte, Estados Unidos, foi estudar esta variabilidade.
Os investigadores clonaram 511 variantes de receptores olfactivos humanos diferentes em células que facilmente crescem em laboratório. Depois, submeteram cada receptor a 73 moléculas diferentes que causam uma sensação olfactiva, e analisaram as respostas. Chegaram à conclusão que “dois indivíduos têm uma diferença funcional de mais de 30% dos seus receptores” a nível genético, lê-se no artigo.Esta diferença estará na origem de como cada um sente os odores e os percepciona de uma forma positiva ou negativa. “Há muitos casos em que uma pessoa gosta de um cheiro e outra não. Isso é muito comum”, diz Hiroaki Matsunami, citado num comunicado. “Nós descobrimos que os indivíduos podem ser muito diferentes ao nível dos receptores que produzem, o que significa que quando cheiram alguma coisa, os receptores que são activados podem diferir muito dependendo genoma.”


IN Jornal Público

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Notícia:" Brasileiros descobrem vírus gigante na amazónia"

virus assassino thumb Cientista cria vírus da gripe assassino em laboratório

      Um novo vírus gigante foi encontrado nas águas do Rio Negro, na Amazônia brasileira. O vírus batizado de Samba é o maior já identificado no país: ele tem doze vezes o tamanho do vírus da dengue e 100 vezes mais material genético. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Universidade Aix-Marseille, na França, e o artigo que relata o achado foi publicado nesta quarta-feira, no periódico Virology.
      Em 2011, os pesquisadores coletaram 35 amostras de água do Rio Negro, em uma rota de 65 quilômetros, partindo de Manaus. Analisando as amostras em laboratório, os cientistas conseguiram isolar o vírus dentro de uma ameba — para se reproduzir, os vírus precisam parasitar outros organismos.

      Segundo Jônatas Abrahão, professor de virologia da UFMG e principal autor do estudo, uma das possíveis explicações para o tamanho do Samba é a quantidade elevada de material genético necessária para a adaptação do vírus ao local onde ele vive. "O Rio Negro é um meio ácido, diferente de outros rios", disse o pesquisador ao site de VEJA.

      O vírus Samba codifica 1 000 proteínas, é composto por 1,2 milhão de pares de bases de DNA e tem 600 nanômetros de tamanho (cada nanômetro equivale ao milionésimo de um milímetro).

IN veja.abril.com.br

Notícia:"Tamanho de estrutura no DNA pode prever o tempo de vida de animais selvagens"




      Pesquisa mostra que o tamanho do telómero presente no cromossomo dos pássaros ajuda a prever quanto tempo o animal ainda pode viver.

      Foi estudado o tamanho do telómero presente nos cromossomos de 204 pássaros selvagens da espécie Acrocephalus sechellensis, que habitavam uma ilha isolada ao leste da África.

      Os telómeros são estruturas encontradas no final de todos os cromossomos, que impedem a degeneração dos genes localizados nas pontas do DNA. Pesquisas anteriores já tinham relacionado o tamanho dessa estrutura à idade do indivíduo. "Ao longo do tempo e da divisão celular, esses telómeros começam a quebrar-se e a tornam-se menores. Quando atingem um tamanho pequeno demais, fazem com que as células onde estão alojados parem de funcionar", diz o pesquisador David Richardson, da Universidade de Anglia Oriental, um dos autores do estudo.

      Cada animal apresenta uma taxa diferente da redução dos telómeros, os menores independentemente da idade em que foram medidos, estão associados a um aumento no risco de morte.

      Segundo a pesquisa, o tamanho do telómero pode ser usado como um melhor indicador do tempo de vida do que a actual idade de um indivíduo. "Esse é um mecanismo que evoluiu para prevenir que as células se repliquem além do controle. No entanto, ele também tem um efeito adverso, e o crescimento das células no nosso organismo acaba levando à degeneração, ao envelhecimento, a problemas de saúde e até à morte", diz Richardson.

      A acumulação dos telómeros desgastados dentro de um mesmo tecido pode resultar na falha de um órgão e, consequentemente, na morte. No entanto, ainda não se sabe dizer se a longevidade depende directamente dos telómeros ou se os telómeros mais curtos são apenas sinais de outros factores que determinam a mortalidade.

IN veja.abril.com.br

Vídeo:" A genética dos portugueses"

Neste curioso video é nos explicado de onde provem o código génético do povo português, mostrando o que nos torna tão diferentes dos outros povos da europa.


Notícia:"Criado primeiro organismo vivo com “letras” artificiais dentro dos genes"

      O património genético dos seres vivos sempre se escreveu com quatro letras apenas – A, T, G, C. É assim que são designadas as quatro moléculas, ou bases, que formam a grande cadeia de ADN que todos temos nas nossas células. Mas a partir desta quarta-feira, o chamado código genético passou a ter… mais duas letras, totalmente artificiais e nunca vistas na natureza. O avanço, que segundo os autores abre o caminho a aplicações que vão da medicina à nanotecnologia, foi anunciado na revista Nature
      O que os cientistas, liderados por Floyd Romesberg, do Instituto Scripps (EUA), conseguiram fazer foi introduzir essas duas novas moléculas no ADN de uma bactéria que, apesar das intrusas, continuou a ter uma vida – e uma reprodução – essencialmente normais.
      As letras do código genético não se combinam de qualquer maneira, mas apenas para formar dois pares: A-T e G-C. São estes pares de bases que constituem os degraus da longa “escada” (a dupla hélice) enrolada sobre si própria da molécula de ADN. E é este rígido emparelhamento químico que faz com que, quando uma célula viva se divide, o seu ADN seja capaz de fabricar uma cópia de si próprio. Abrindo-se tal e qual um fecho éclair, dá lugar a duas “metades” que irão cada uma reconstituir, de forma fidedigna (ligando sempre A a T e C a G), duas novas moléculas de ADN. Uma para cada célula-filha.
      Desde finais da década de 1990 que o laboratório de Romesberg se lançou na pesquisa de moléculas artificiais que pudessem desempenhar o papel das bases do ADN – e que, em princípio, seriam portanto capazes de comandar o fabrico de novas proteínas e até de novos organismos, explica o Instituto Scripps em comunicado. Mas só a partir de 2008 é que os cientistas começaram a obter resultados decisivos.
      Em 2008, os cientistas identificaram possíveis candidatos a pares de bases e mostraram que funcionavam in vitro – ou seja, fora das células. Mas só agora é que conseguiram transpor a experiência para o interior de uma célula viva.
      Ainda demoraram algum tempo a ultrapassar o que consideram ter sido o maior obstáculo: fazer com que essas duas moléculas artificiais (designadas d5SICS e dNaM) conseguissem penetrar nas células de Escherichia coli, uma bactéria comum do intestino humano muito utilizada em engenharia genética. Uma vez que estas bactérias não produzem elas próprias as novas bases, era obrigatório fornecer-lhas do exterior.
      A equipa acabou por descobrir a solução em 2012: um gene vindo de uma alga, quando introduzido nas bactérias, permitia fazer exactamente isso. “Esse foi um ponto fulcral no nosso trabalho”, diz Denis Malyshev, autor principal, no mesmo comunicado. Cerca de um ano mais tarde, obtinham culturas de E. colique, apesar de conterem material genético não natural, se multiplicavam e reproduziam o seu ADN, incluindo a parte artificial.
      Os cientistas salientam que não é possível surgirem acidentalmente linhagens de bactérias com estas moléculas no seu código genético. “As novas bases só conseguem entrar nas células quando activamos” o gene vindo das algas, diz Malyshev. E mesmo assim, “se pararmos de as fornecer às células, elas desaparecem do genoma”.
      “A vida na Terra, com toda a sua diversidade, está codificada por apenas dois pares de bases (…) e o que fizemos foi criar um organismo que contém esses dois pares mais um, que não é natural”, diz Romesberg. “Isso mostra que existem outras soluções de armazenamento da informação [genética] e, claro, aproxima-nos de uma biologia à base de ADN ‘expandido’, que poderá ter muitas aplicações entusiasmantes.”
      A próxima etapa, dizem os autores, consistirá em mostrar que a maquinaria celular consegue transcrever o ADN semi-sintético em ARN, a molécula a partir da qual a célula fabrica as suas proteínas. “Em princípio (…), isso dar-nos-ia uma capacidade sem precedentes de fabricar proteínas feitas à medida para fins terapêuticos”, salienta Romesberg – ou para desenvolver novos nanomateriais.

In Público 07/05/2014